segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Ricardo Sandoval teve 3 votos em Piracanjuba

O candidato a deputado estadual, Ricardo Sandoval (PSOL), o qual nós divulgamos matéria neste blog, teve 3 votos em Piracanjuba. Confira a reportagem publicada há alguns meses neste blog:

Carros alugados, santinhos, propaganda volante, um comitê na Avenida Percival Rebelo, 54 cabos eleitorais e até um jingle de campanha. Toda uma estrutura digna de uma grande candidatura esteve à disposição do concorrente a deputado estadual, pelo PSOL, Ricardo Sandoval, durante 15 dias, e tudo em troca de apenas promessas. Com uma história de que teria um milhão de reais em uma conta no banco, Sandoval teria feito contratos bem acima dos valores de mercado e segundo contas de ex-colaboradores, teria assumido compromissos que somam um total de R$ 230 mil reais. A história que prometia ter fim com uma vaga na Assembléia Legislativa acabou virando caso de polícia.


Em ocorrência registrada na delegacia de Piracanjuba, no último dia 28 de julho, Ana Claudia Oliveira Debrassi e Ryt Charles de Almeida, denunciaram o candidato por crime de estelionato. No boletim de ocorrência foram anexados ainda 33 contratos de cabos eleitorais, registrados em cartório, com cópias dos documentos de cada contratado. Os dois ex-coordenadores da campanha fantasma, que receberiam mil reais pela primeira quinzena de serviço, afirmam que Ricardo Sandoval teria desaparecido sem dar explicações sobre o pagamento dos 15 dias trabalhados de cerca de 60 pessoas.

Dona de uma empresa de propaganda volante, Luciene Ribeiro de Souza, é outra vítima do suposto estelionatário. Além dos contratos com três carros de som de sua empresa, ainda teria sido contratada para prestar serviços de assessoria financeira. Luciene mostra o contrato assinado por Sandoval no valor de R$ 4 mil reais mensais. Ela acredita que as pessoas se deixaram enganar pelo poder de convencimento de Sandoval e também pelos altos valores oferecidos pelos serviços. “Eu cheguei a gastar quase 100 reais em materiais de escritório me preparando para o serviço”. Segundo Luciene, a farsa só não durou mais porque os contratos previam o pagamento no prazo de 15 dias.

Mas em uma cidade pequena a história não poderia durar muito. “Quando começou a aparecer cobradores no comitê desconfiei de tudo e quando chegou ao final dos 15 dias, foi numa segunda-feira, ai ele jogou para quarta, depois para sexta-feira. Neste dia os cabos eleitorais foram na casa dele e o viram fugindo”, disse Ana Cláudia Oliveira, que conta ainda ter visto Sandoval na garupa de uma moto, na estrada de saída para Morrinhos, depois do setor Sebastião de Oliveira. Ela tentou contato, mas disse que o suposto estelionatário fugiu por uma estrada de terra.

Uma das primeiras a ser contratada por Sandoval, Ana Claudia Oliveira trabalhava vendendo roupas e deixou o serviço para trabalhar na campanha. “Meu salário começou com R$ 800 reais depois foi para mil, 1500 e depois já estava em 2 mil. Ele dizia que depois da campanha, aqueles que não fossem empregados na Assembléia, como assessores, ele garantia que ia conseguir emprego em outro lugar”, conta a ex-coordenadora, que aos poucos foi sendo alertada por pessoas que conheciam Sandoval.

Altos salários - A situação já havia sido prevista por outros candidatos e políticos da cidade que desconfiaram do alto valor com que estavam sendo feito os contratos com os cabos eleitorais: R$ 700 mensais. Mas ainda assim, o candidato conseguiu contratar 56 pessoas, que acreditavam que se registrassem o contrato no cartório, o pagamento estaria seguro. “Teve gente que saiu do emprego pra vir trabalhar com ele”, conta Ana Claudia, mostrando o contrato assinado pelo candidato, com firma registrada em cartório, onde estaria acordado que ela receberia um valor de 2 mil reais mensais, e o pagamento seria a cada 15 dias.

Outro cabo eleitoral contratado pelo suposto estelionatário, Brazileu Alves Rosa Filho, está revoltado com a situação. Como não havia santinhos Brazileu e os colegas pediam votos escrevendo o número do candidato em papelzinhos. “Só espero que ele não tenha nenhum voto”, dispara inconformado. É possível encontrar o nome do candidato no site da Receita Federal, em consulta ao número de inscrição no CNPJ de Candidatos e Comitês Financeiros, através do número 12.175.069/0001-35, impresso nos santinhos que ainda estavam sendo distribuídos por ele mesmo, depois que os cabos eleitorais deixaram de trabalhar.

Propostas - Entre as propostas de Sandoval estão a de construir uma faculdade onde hoje está localizada a Itambé, na saída para Caldas Novas; abrir um shopping e uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. E ainda, segundo os ex-assessores, Sandoval prometia uma cesta básica para os colaboradores, além do salário, e dizia que se fosse eleito usaria os salários de deputado para construir e doar casas à população. “Ele se apresentava com uma boa aparência e dizia que freqüentava a igreja”, contam os ex-colaboradores. Segundo Ana Claudia Oliveira, na biografia do candidato, que já estava pronta para ser impressa, Sandoval se descrevia como uma pessoa de origem simples, humilde que se candidatou para lutar contra todas as injustiças. “Cansei de ver pessoas passando fome, frio e necessidades”, dizia Sandoval. A reportagem do Jornal O Pouso Alto tentou contato com Ricardo Sandoval através dos telefones informados pelos ex-assessores. Um dos números não atende e os números de celulares respondem com mensagens que estão desligados ou fora da área de cobertura.

Inquérito não tem prazo para ser concluído

Apesar da indignação das mais de 60 pessoas que se dizem lesadas, para a justiça, Ricardo Sandoval continua com a candidatura a deputado estadual. Na delegacia onde foi registrada a ocorrência, a informação é que o inquérito está em andamento e as testemunhas serão ouvidas, enquanto isso nada pode ser feito. Segundo o advogado e ex-prefeito de Piracanjuba, Wilson Borges, como Sandoval tinha ficha limpa, pôde fazer o registro da candidatura.

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